SIMBA
E hoje completa 12 anos e oito meses... foi em 28 de setembro de 1996.
Lembro como se fosse ontem, a primeira vez que te vi.
A princípio não te achei bonito... era um bebê vesgo, magro e barrigudo, meio desproporcional.
Chegou pelas mãos de uma amiga da minha mãe, que o segurava como Rafiki apresentando o leãozinho ao reino. E daí surgiu seu nome, SIMBA!
 Chegou, circulou pela casa e já foi logo deitando no sofá.
Até parece que sabia que seu lar seria aqui.
E como era atentado!
Roubava meus bichinhos de pelúcia, que ficavam guardados em uma cesta enfeitando a cama e saía correndo pela casa! E eu atrás, gritando e falando bobagens, que não gostava de você!
Até que um dia você sumiu... te procurei pela casa inteira, subi e desci a rua dezenas de vezes, chorando e rezando para que aparecesse.
Horas depois fui procurar algo no banheiro, abri o cesto de roupa suja e lá estava você dormindo, me pregando uma peça!
Mas foi bom, porque só nesse dia percebi o quanto já te amava e não sabia.
A partir daí, você virou o centro das atenções... tudo era pra você, meu gordo!
De personalidade forte, brigava comigo e ficava dias sem nem olhar na minha cara se não fizesse suas vontades.
Quebrou mouse, teclado, cafeteira... ainda bebê roubou um filhote de gato pra brincar, chegou a ter seu próprio filhote com a gata do vizinho mas deste não deixava a gente sequer chegar perto de tanto ciúmes! Eu não entendia se da gente ou do próprio filho!
Até que em setembro de 2000 encontrou um gatinho judiado na rua e trouxe pra morar em casa. Não tivemos outra alternativa senão adotar. Eu só escolhi o nome "Kevin", reservei um espaço no meu coração e nunca mais soube de outro gato que tivesse seu "próprio gato"!
Em novembro de 2002 chegou o Luck, nosso filhote poodle-lata, que você agrediu enciumado, lembra? Atacou o coitadinho de apenas um mês e se escondeu embaixo do sofá porque sabia que era errado! E nem levou um tapa por isso!
E assim os anos foram passando felizes, e eu sem querer aceitar que você estava envelhecendo...
No dia 13 de junho de 2008, apareceu um filhotinho idêntico a você, parecia seu clone, com a diferença de que chegou muito doente e não tinha seu charme - sempre soubemos para onde estava olhando.
Passou pelo quintal, entrou na cozinha, comeu ração, viu a gaiola de transporte aberta e ali deitou para dormir. Tinha pulgas, sarna, infecção intestinal e estava morrendo de frio.
Mais uma vez dividi meu coração, tratamos seus problemas de saúde e a prole aumentou!
Se um gato era pouco e dois era bom, três só completava a alegria com o surgimento do "Kenai".
Mas no final do ano você foi ficando doente... fizemos exames e foi diagnosticado insuficiência renal.
Foram dias muito tristes, mas eu não ia desistir de você...
Fizemos tratamento à base de soro e ração específica, mas a recompensa veio: você melhorou, nos presenteando com mais seis meses de vida!
Até que semana retrasada, você machucou o rostinho numa briga e eu te levei ao veterinário pensando que fosse este o motivo de sua falta de apetite.
A partir daí, foi tudo muito rápido... corremos com você no sábado, na segunda, mas na terça o resultado do exame de sangue saiu não conforme o esperado.
Eu que até então tinha esperanças, tive que tomar uma decisão muito triste... tento não pensar que tenha ido embora, que apenas o colocamos para dormir, mas me sinto tão culpada...
Ontem a noite, quando te peguei no colo lá na clínica, você passou os bracinhos pelo meu pescoço e me olhou tão intensamente que nesse momento vi um filme em minha cabeça com tudo o que acabei de escrever. Sua história, nossa história... e aquele olharzinho vesgo que me lançou, não irei esquecer nunca mais!
Você estava tão tranquilo... será que já sabia?
Confiava tanto em mim, e quantas vezes eu disse que nunca seria capaz de te machucar?
Sinto muito, gostaria de ter tido outra alternativa.
Será que vai me perdoar um dia, pelo que fiz?
Não imagina o quanto foi difícil me despedir de você, meu amor... e eu que só soube dividir meu coração tantas vezes, agora não sei o que fazer com esse vazio que ficou.
Meu coração está triste, dói demais... mas tenha certeza de que se o tempo voltasse naquele dia 28 de setembro, há quase 13 anos, ainda que eu soubesse disso tudo, eu teria ficado com você e teria te amado com a mesma intensidade! Você me deu tantas alegrias!
Obrigada por fazer parte de nossa vida, de nossa família.
Obrigada por ter trazido o Kevin, e por ter aceitado o Luck e o Kenai. Todos eles sentirão saudades!
Obrigada por sua presença iluminada, meu leãozinho... você vai viver pra sempre em nossa lembrança, e aonde quer que eu vá, te levo dentro de mim, porque o que a gente leva no coração, isso ninguém tira!
E nós te amamos muito, pra sempre!
Sua família.
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